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A Vila dos Condenados

A neve já estava totalmente derretida, era o fim de mais um longo e rigoroso inverno
Vestígios de cores e formas já voltavam a surgir nos arredores daquele pequeno povoado escondido entre as colinas, como se a vida despertasse de um longo e mágico sono.
Ao longe uma pequena caravana se aproximava, exaustos, famintos, seus cavalos a ponto de derrubá-los após mais uma longa jornada.Lurya era a única mulher do grupo, geniosa, ousada, aprendera durante a adolescência a manejar como poucos a sua pesada espada. Lurya não tinha medo de nada, a não ser dos pequenos fragmentos do seu passado, que insistiam em surgir durante os sonhos, tornando-os pavorosos pesadelos. Diziam que nela habitava o espírito de Lou, a mulher-demônio, era temida e respeitada por esse motivo.
Ela foi a primeira a avistar a pequena vila em ruínas, parecia estar abandonada, então se aproximou de Tiago e apontou o lugar.
Tiago era o líder do grupo, amante de Lurya, imponente, sagaz, depois de anos percorrendo reinos solitariamente, conheceu Lurya e passaram a se aventurar juntos, saqueando, enfrentando reis, soldados, magos e monstros.
Tiago era um cigano de brilhantes olhos cor de mel e longos cabelos castanhos, sua beleza e simpatia encantavam a todos.
Esperaram os outros quatro homens se aproximarem deles.

Jan, o bardo , era um garoto loiro, sardento e desajeitado que mal sabia se defender, mas divertia o grupo com sua criatividade, cantava e fazia poemas sobre as aventuras vividas por eles.
Dush , o arqueiro era filho de um ferreiro, seu espírito aventureiro fez com que abandonasse a sua cidade natal para percorrer o mundo em busca de fortuna. Sempre seduzia as mulheres com seus olhos azuis, quase transparentes e sua longa cabeleira escura.
Elim era muito alto, sua pele escura reluzia pela manhã, era muito inteligente, grande conhecedor de magia e ocultismo. Passou a fazer parte do grupo depois de presenciar a destruição de sua aldeia, de nada mais adiantava ser um nobre, pois era o único sobrevivente do seu clã e desde então passou a ter como amigo a sua inseparável lança.
Marco era o mais velho do grupo, orgulhava-se do seu passado de pirata e das muitas tatuagens e cicatrizes que tinha no corpo, corajoso e muito ambicioso, era ele quem sempre planejava os saques em diversos povoados.

Marco olhou fixamente em direção a pequena vila, viu o que parecia ser um riacho, atravessando toda a extensão do local e ficou eufórico, passou a mão pelos cabelos já grisalhos nas têmporas e gritou para que seus amigos se apressassem.
E os seis bárbaros galoparam em direção às ruínas, sentindo a inquietação dos cavalos aumentar enquanto se aproximavam, até que se detiveram por completo há alguns metros da cidade.
O grupo decidiu deixar os cavalos escondidos em uma depressão e seguiram a pé pela trilha, parando apenas para saciar a sede no riacho.
Já estava anoitecendo quando entraram na cidadezinha, a vista era desoladora, parecia estar esquecida há séculos, deserta, destruída, abandonada.
O cansaço era extremo, decidiram se alojar nas primeiras casas que viram e explorar o lugar na manhã seguinte.
Lurya e Tiago se afastaram dos amigos, precisavam ficar a sós depois de longos dias de viagem e optaram por um casebre com apenas uma parte do teto ainda de pé. O lugar estava coberto de pó, úmido e com cheiro de coisa velha, mas eles não se importavam, até se esqueceram da fome que estavam sentindo quando seus olhos se cruzaram.
Tiago cobriu o chão de terra com o seu enorme casaco e ali deitou Lurya, beijos cálidos e carícias ousadas fizeram com que se esquecessem do frio, seus corpos se aqueciam, se excitavam, o desejo se tornava mais intenso a cada gemido, a cada sussurro. Ela agarrava os cabelos de Tiago enquanto seus corpos se moviam ávidos, e ele cravava os dentes na pele de Lurya.
Passaram muito tempo entregues à paixão, até desabarem exaustos e ofegantes

Tiago ficou olhando os cabelos ruivos de Lurya espalhados em seu peito, adormecida ela parecia sempre frágil e nesses momentos ele sentia uma necessidade intensa de protegê-la. Lembrou-se da primeira vez que a viu, seus selvagens olhos verdes o deixaram em transe. Naquele dia Lurya estava sendo perseguida pelos soldados de Azzura, após ter roubado as pedras preciosas que adornava a sua coroa. Dessa maneira Tiago conseguiu mais um inimigo, mas estava feliz por a partir desse dia ter se livrado de parte da sua solidão

E os minutos se arrastavam devagar, dando a impressão de que a noite não iria terminar
Lurya abriu os olhos e viu que estava sozinha,sentiu arrepios percorrendo seu corpo, ao longe se ouvia um cântico , acompanhado por gemidos assustadores. Ela saiu à procura de Tiago.
Fora do casebre um denso nevoeiro cobria a vila, dificultando a sua visão e Lurya seguiu em direção ao templo, de onde vinha a bela voz que cantava aquela canção maldita. Avistou o que parecia ser o salão principal, a musica estava cada vez mais alta, e os gemidos mais agonizantes, passou pelo enorme corredor, úmido e escuro e chegou a um outro salão. O pavor tomou conta de Lurya, nas paredes gárgulas com olhos de rubi, esculpidas sobre altos pedestais que, sob a luz das tochas pareciam criaturas vivas. Havia espectros por toda a parte, deles vinham os gemidos pavorosos. No centro havia uma imensa pedra de forma retangular, seus companheiros estavam sentados ali, com as mãos e os pés atados, olhos vidrados em uma magnífica mulher que dançava sensualmente com um punhal na mão.

Cammie era feiticeira há mais de 300 anos. Obcecada por manter a sua beleza intocada, passou anos de sua vida pesquisando livros de magia, pergaminhos, seduzindo magos para descobrir os seus segredos. Seus esforços foram compensados, Cammie usava a sua bela voz para atrair suas presas e sua dança sensual deixava as vitimas em estado de hibernação, assim ela os aprisionava e sugava a energia vital de qualquer infeliz que entrasse na sua cidade. Começou com os moradores da vila, em seguida foi a vez de visitantes, ladrões, pessoas que chegavam com o intuito de pernoitar no lugar. Seus corpos eram jogados na masmorra e suas almas eram aprisionadas, condenadas a permanecer na vila por toda a eternidade.

Lurya estava impressionada com tanta beleza, seduzida pelos olhos violetas de Cammie, seus cabelos negros ondulavam sensualmente roçando seu corpo perfeito. Foi se aproximando devagar, envolvida pela sedução da dança, sentindo um desejo incontrolável de tocá-la. Lurya colou seu corpo ao de Cammie, acompanhando o ritmo da sua dança, com sua língua foi percorrendo toda a extensão do pescoço da feiticeira e devagar foi fazendo com que Cammie a encarasse.
- Beije-me – sussurrou Lurya, agarrando Cammie sem esperar pela resposta.
A feiticeira se entregava totalmente às carícias da guerreira ruiva, se contorcia como uma serpente a cada movimento da língua de Lurya . Sua distração fez com que os prisioneiros despertassem do transe, mas nenhum deles se moveu, perturbados agora pela visão de duas beldades rendendo-se a um alucinado desejo.
Tiago sentiu um misto de ciúmes e excitação ao ver sua amada pegar o punhal das mãos de Cammie e usar o cabo para masturbar a bruxa, que em seus espasmos de prazer, rasgava as costas de Lurya com suas unhas afiadas.
Sem que esperassem Lurya desembainhou a sua espada e num rápido golpe decapitou Cammie e em seguida correu para libertar seus amigos. Mesmo com a cabeça arrancada do seu corpo, a feiticeira ainda vivia e usou sua magia para dar vida às gárgulas, que avançaram sobre seus inimigos. Humanos e demônios travavam uma batalha sem igual, mas as criaturas pareciam indestrutíveis e suas garras petrificadas rasgavam a carne dos guerreiros. Num impulso desesperado Lurya cravou o punhal dourado no coração de Cammie.
A guerreira ruiva ficou paralisada ao ver toda aquela beleza se transformar em pó enquanto os espectros desapareciam e as gárgulas voltavam ao seu estado de petrificação.
Roubaram as pedras preciosas do templo deixando apenas o punhal amaldiçoado e saíram da cidade ao amanhecer.
Lurya e Tiago se olharam, incapazes de pronunciar palavra alguma. Elim e Dush carregavam Marco, que mesmo com um grande ferimento na perna estava sorridente, mais por ter adquirido mais uma cicatriz do que pelas pedras que trazia em sua bolsa. Jan dançava e cantava, feliz por ter mais uma história para contar.
Montaram em seus cavalos e Jan perguntou para Lurya:
- Como você não foi enfeitiçada pela voz da feiticeira?
- Não sei – respondeu Lurya – Talvez eu realmente possua o espírito de Lou.
E os seis saíram a galope, tentando se afastar o mais depressa possível da vila dos condenados.

Por Succ Kammie Kazzie

Comentários

  1. gostaria d quem tiver a foto do cigano tiago me enviar por favor...

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